De acordo com o IBGE, a apuração do resultado da inflação oficial (IPCA) atingiu o maior resultado acumulado no ano desde 2003 ao registrar 7,22% em agosto. No acumulado em 12 meses o aumento dos preços desacelerou para 9,53%. Para este mês, a inflação registrou 0,22% frente a 0,62% de julho.

A categoria que obteve a maior queda no mês foi a de Transportes, com variação de -0,27%. A retração na categoria foi motivada pela diminuição dos preços de Passagens aéreas (-24,9%). Alimentação e bebidas obtiveram queda de 0,01%, ante elevação de 0,65% no mês anterior. Vestuário, por sua vez, elevou 0,51p.p., passando para patamar positivo, em 0,20%.

A elevação nos preços neste ano tem sido motivada principalmente pelos preços administrados, que sem mantém em nível praticamente duas vezes superiora ao dos preços livres no acumulado em 12 meses (administrados apontam 15,75% de elevação, enquanto livres sobrem 7,74%).

As expectativas inflacionárias deverão sofrer alterações consideráveis nesta próxima semana, em grande parte devido ao downgrade de risco do país, realizado ontem pela agência Standard & Poors (S&P). Esta decisão certamente afetará a política monetária vigente e consequentemente a inflação. Para este ano, o aumento de juros já não possui mais eficácia com relação ao combate inflacionário (alterações nos juros demoram cerca de 6 meses para surtir algum efeito na inflação), e mesmo com a disparada recente do dólar (que deverá ser agravada), as expectativas para o nível de preços deverão permanecer acima dos 9%.

Para o ano que vem, o câmbio desvalorizado deverá pressionar mais fortemente do que em 2015 os preços livres, fazendo com que os juros continuem em trajetória de alta. O efeito S&P proporcionará certamente maior rigidez fiscal em 2016 e os preços administrados deverão sofrer maiores ajustes. Assim, os preços gerais deverão ficar acima do esperado pelo mercado no último boletim Focus, em 5,58%.

Em suma, o cenário ainda é bastante incerto para os juros e inflação para 2016, mas a provável hipótese é que haja um forte aumento agora da Selic e, de forma tempestiva, o Banco Central modere a política monetária, fazendo com que a inflação fique dentro de seus limites (até 6,5%). Por ora, o atingimento pleno no centro da meta inflacionária em 2016 já começa ser protelado para 2017. A ver.

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