Segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 3,8% em 2016, sendo o pior desempenho para economia desde 1990. No 4º trimestre de 2015 houve recuo de 1,4% na análise com os dados dessazonalizados contra o trimestre imediatamente anterior. Já nos dados sem ajuste sazonal, na comparação do último trimestre contra o mesmo período do ano anterior (análise interanual), a queda foi de 5,9%.

Na análise dos dados sem ajuste sazonal, o principal componente da demanda, o consumo das famílias, obteve queda significativa 4,0%. Já o consumo do governo e formação bruta de capital fixo caíram respectivamente 1,0% e 14,1%. No setor externo as Importações registraram queda de 14,3%, enquanto as Exportações cresceram 6,1%.

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A inflação elevada e a política monetária contracionista foram determinantes para ampliar a perda do poder de compra das famílias, cuja diminuição do PIB per capita totalizou 4,6%. Em um cenário de retração do consumo, as empresas passaram a acumular estoques e, para além da redução da produção, intensificaram conjuntamente sucessivas ações de desinvestimento.

Influenciado pela desvalorização do dólar o setor exportador obteve ganhos nítidos: enquanto em 2014 as exportações haviam retraído 1,1%, em 2015 elas cresceram cerca de 7 p.p. Inversamente, as importações caíram de forma significativa, aumentando sua queda em 13 p.p. com relação ao obtido no ano anterior.

Pela ótica da oferta, mantida a base de comparação, o melhor desempenho foi do setor agropecuário, que obteve elevação de 2,4% no ano, influenciado fortemente pela exportação de commodities.

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Já o segmento industrial retraiu 6,2%. A diminuição do consumo e das vendas reais dos grandes varejistas impulsionou a queda industrial, que apresentou queda generalizada em toda produção, fato que não foi observado nem durante a crise de 2008-2009. Já para o setor de serviços, a queda do comércio e do setor de transportes foram preponderantes para seu resultado, consolidado em 2,7%.

As mudanças no mercado de trabalho talvez tenham impactado de forma mais significante os resultados da economia em 2015. O desemprego, que passou de uma taxa de 4,3% no final de 2014

para 6,9% ao final de 2015, e a renda, que caiu 3,1% no ano, diminuindo fortemente o consumo das famílias, principal variável da demanda.

Em termos de produção, a economia deverá continuar registrando perdas no primeiro trimestre de 2016. Ainda assim, para além dos fatores negativos já citados, a piora das finanças públicas e a aumento do risco-país deverão continuar minando as expectativas dos agentes econômicos neste ano. Desta forma, o PIB para 2016 também deverá consolidar novo resultado negativo, fato não observado desde 1930.

Os resultados citados encontram-se disponíveis na tabela resumida abaixo.

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