No início de 2015, de acordo com o relatório Focus do Banco Central (BC), o mercado esperava um crescimento para a economia brasileira de aproximadamente 0,5%. No entanto, as expectativas mostraram-se excessivamente otimistas. O ano passado foi um período notavelmente negativo em quase todos os setores: segundo dados divulgados hoje pelo IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) recuou 3,8% em 2015, sendo o pior desempenho econômico desde 1990.

As drásticas mudanças no mercado de trabalho talvez tenham sido as que mais impactaram os resultados da economia. O desemprego passou de uma taxa de 4,3% no final de 2014 para 6,9% ao final de 2015, e a renda - que caiu 3,7% no ano - diminuiu fortemente o consumo das famílias (queda de 4%), principal variável da demanda. Outras variáveis, como a inflação persistentemente elevada e a política monetária contracionista, também foram determinantes para intensificar a perda do poder de compra, reduzindo em 4,6% o PIB per capita.

Em termos setoriais, o melhor desempenho foi registrado pelo setor agropecuário, que obteve elevação de 2,4% no ano, influenciado principalmente pela desvalorização cambial e consequente aumento das exportações. Para o segmento industrial, a diminuição do consumo e das vendas reais dos grandes varejistas impulsionou a queda de 6,2%, apresentando queda generalizada em toda produção, fato não observado nem durante a crise de 2008-2009. Já para o setor de serviços, a queda do comércio e do setor de transportes foram preponderantes para o seu resultado, atingindo uma redução de 2,7%.

Em 2016 a economia deverá continuar registrando perdas consideráveis pelo menos até o primeiro semestre do ano. Ademais, para além dos fatores negativos já citados, a piora das finanças públicas e o aumento do risco-país deverão continuar minando as expectativas dos agentes econômicos neste ano. Neste compasso, o PIB para 2016 deverá consolidar um novo resultado negativo, fato não observado desde 1930. Resta saber se ele será ainda pior que 2015. A ver.