Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

“Rindo se castigam os costumes”. Este provérbio da Roma antiga traduz bem os resultados das eleições italianas. O Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe Grillo, alcançou mais de 7 milhões de votos, se tornando a terceira força política na Itália, surpreendendo os analistas. O Partido Democrático, de centro-esquerda, teve a maioria dos votos, mas sem cadeiras suficientes no Parlamento para formar um governo. O partido do ex-primeiro-ministro Berlusconi, ficou em segundo lugar. O maior derrotado foi o atual primeiro-ministro Mario Monti. Esse resultado cria um impasse político que ameaça tornar a Itália ingovernável.

Os mercados já reagiram a esse resultado. A Itália captou nesta terça-feira € 8,75 bilhões em uma operação a seis meses, com taxas de juros em alta considerável: 1,237% contra 0,734% registrada na operação anterior de 29 de janeiro. As bolsas europeias abriram em  forte queda, com destaque para os bancos italianos. O maior banco italiano, o Unicredit, perde 8,36%. O resultado surpreendente da eleição italiana não mudou apenas o ambiente político na Itália. O impacto será sentido em toda a Europa. A situação política no continente é uma corrida entre a austeridade e reformas, de um lado, e o aumento dos movimentos populistas, do outro. Se as reformas não forem implementadas a tempo de surgirem resultados no curto prazo, corre-se o risco de desestabilização social e populismo. Arrivederci complacência e calmaria na zona do euro.

Ed.131