Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Em depoimento no Congresso americano ontem, o presidente do FED, Ben Bernanke, negou cogitar de interromper o ciclo de compras maciças de papéis no mercado. Desde que anunciou o QE 3, como é conhecido a mega emissão de dólares, mediante compras mensais ininterruptas de US$85 bilhões, o FED vem aumentando seu balanço em ativos comprados, especialmente títulos longos, cujo resultado será manter os juros americanos artificialmente muito baixos durante 2013 pelo menos.

Bernanke disse que o FED faz a conta dos custos, em termos de riscos maiores de uma nova onda de especulação financeira produzida por juros baixos demais, contra a suposta vantagem ou benefício de estar mantendo a economia americana fora da recessão, ainda que morna ou quase fria. Como a inflação em dólar não dá ainda sinais de acordar, a política de afrouxamento maciço vai continuar. Resultado para o Brasil de um dólar mais fraco: 1) real com tendência a não desvalorizar além de R$2,00, 2) juros no Brasil ainda estáveis em 7,25%, 3) commodities com preços menos fracos e exportações industriais menos negativas. Enfim, o show do balão mágico, insuflado por emissões fabulosas de dólares, não terminou. Bernanke ainda quer brincar.

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