Por Bruna Martins/Flávio Calife

O comércio não anda bem há algum tempo e, a cada nova notícia, o sentimento que prevalece é de nostalgia dos anos áureos. Segundo o IBGE, em abril as vendas no varejo recuaram 6,1% no acumulado em 12 meses, e a queda é ainda mais intensa quando considerados apenas os meses de 2016, de 6,9%. Para piorar o cenário, o indicador de Movimento do Comércio da Boa Vista SCPC, antecedente do número do IBGE, não trouxe sinal de reversão da tendência em maio, ao divulgar queda de 5,1% em 12 meses.

Apesar do varejo estar na berlinda, os resultados de confiança do Ibre-FGV podem ser um bom sinal a se considerar. Com alguns meses de estabilidade, e em certos casos até mesmo com relativa melhora, a confiança aponta que os consumidores e empresários estão aguardando alguma concretização de expectativa – boa, é claro – para a retomada do consumo e do investimento.

Por que então os consumidores estão esperando para consumir? Os mesmos motivos que os levaram a readequação de seus orçamentos: preços, juros e mercado de trabalho. A queda da inflação já é esperada, a redução da Selic oxalá contribuirá para amenizar os juros finais ao consumidor, deixando a grande aposta para o mercado de trabalho. Os números divulgados hoje pelo IBGE apontam estabilidade na taxa de desemprego, algo considerado positivo após 15 meses consecutivos de alta.

Esse é o Calcanhar de Aquiles do comércio. Se o mercado de trabalho responder às boas expectativas para o próximo ano, o setor terá razões para comemorar em 2017.