Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Com o fechamento dos números de junho, o comércio varejista mostrou que a perda de fôlego veio para ficar. De um ritmo espetacular de 8,4% ao final de 2012, vindo de elevações ainda mais intensas em 2011 (11%), o comércio passou por junho sustentando uma alta, sobre os 12 meses anteriores, ainda da ordem de 5,5%. Nem mesmo esse ritmo mais brando é sustentável. Neste primeiro semestre, o ritmo anualizado de vendas reais já corrobora nossa projeção, para o final de 2013, de uma elevação de vendas de 3,4%, em linha com o aumento projetado em 3% para a massa salarial real e um ritmo de aumento de crédito nominal em cerca de 8%.

Apesar de bem pior do que anos anteriores, 2013 deveria surpreender os analistas por seu lado positivo. Insustentável era o ritmo anterior, embalado por fatores excepcionais, como o “enriquecimento” do país em dólares, via ciclo de commodities, o estrondoso crescimento do crédito e a sensação do público de que “finalmente havíamos encontrado o rumo certo”. Mudaram os números objetivos e mudou o humor do consumidor frente à realidade. Os itens de varejo considerados de demanda inelástica apontam ritmo de vendas próximo à estagnação. Itens de consumo durável, de compra adiável, como motos, despencaram. Sustentam-se em bom nível de vendas artigos para a casa, como móveis e eletrodomésticos, mas, nesse caso, há o “dedo” do governo com o dispendioso programa “Minha Casa Melhor”, que derrubou à metade o valor das prestações desses itens. O freio principal às vendas é e será o nível de endividamento familiar e a perda de conforto quanto à segurança no emprego. Vencer isso depende de tempo. A economia de farto consumo chega, por fim, à normalidade do Brasil.

Ed.249