O cenário de retração do varejo tem surpreendido os analistas. As expectativas de crescimento do setor não eram nada satisfatórias no início do ano, mas ainda eram positivas. A maioria das projeções ficava entre 0,5% e 2% de crescimento para o ano de 2015.

Mas na medida em que os números do setor foram sendo divulgados e os demais indicadores da economia foram piorando, expectativas de resultados positivos para o comércio varejista ficaram cada vez mais distantes. Não só os números do mercado de trabalho trouxeram preocupações para o comércio, mas a continuidade do aumento dos juros e a persistência da elevada inflação mantiveram baixa a confiança dos consumidores, que se retraíram ainda mais nesse início de ano. E o consumo das famílias - que recuou 1,5% no primeiro trimestre contra o mesmo período do ano anterior - deve também continuar com sua trajetória de queda no segundo trimestre.

Dados de hoje da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada pelo IBGE, mostram que o volume de vendas no varejo restrito recuou 0,9% entre abril e maio, quarta queda consecutiva do índice. O Indicador Boa Vista SCPC de Movimento do Comércio já antecipava essa tendência ao reportar queda do movimento de maio em 1,8% e recuo no acumulado do ano de 1,3%.

Ainda assim, o indicador do IBGE apresenta outras importantes avaliações. Em 12 meses o comércio está recuando 0,5%, primeiro resultado negativo desde março de 2004 para este tipo de comparação. Os demais resultados apurados para o mês também fecharam em patamar negativo: no acumulado do ano houve recuo de 2,0% contra o mesmo período do ano passado. Se contarmos o varejo ampliado, que inclui Veículos e Materiais de Construção, o recuo chega a 5% em 12 meses e 7% no acumulado do ano.

Até agora não há sinais de que o cenário se modificará este ano e expectativas de melhora são esperados apenas para 2016. Por ora, nossa projeção de retração do setor fica em 1,0% nas vendas varejistas restritas e queda de 5,0% para o conceito ampliado, ambas perspectivas com viés de baixa.