Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Segundo o Ministério do Trabalho foram criados em setembro 123.785 postos de trabalho, o menor resultado para o mês desde 2001. O setor de serviços se destacou na geração de vagas, com a criação líquida de 62,3 mil vagas. No comércio foram abertas 36,4 mil vagas. Construção civil agregou 8,4 mil novos empregos, enquanto a indústria de transformação gerou 24,8 mil novos postos, depois de cinco meses consecutivos demitindo. Por outro lado, a agricultura fechou 8,8 mil postos de trabalho. Entre janeiro e setembro foram criadas 904.913 vagas, o menor saldo acumulado para o período desde o início da série histórica, em 2004.

Este resultado não reverte a percepção de ajuste no mercado de trabalho e no nível de poder de compra sentido pela população. A análise dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, Caged, mostra que a criação de empregos até a faixa de dois salários mínimos foi de 159 mil. No entanto, na faixa superior a dois salários mínimos foram fechados 35 mil postos de trabalho. Nada indica que haverá reversão desse quadro. Ao contrário, no setor de agronegócio, por exemplo, a mudança de rumo dos preços dos grãos, em franco recuo, deve fechar mais postos de trabalho. O governo continua otimista, apostando na criação de um milhão de novos empregos este ano. Na série acumulada em 12 meses, livre de influências sazonais, foram criados 600 mil novos postos de trabalho. Criar 400 mil vagas adicionais nos últimos três meses do ano, incluindo dezembro, que sazonalmente fecha postos de trabalho, não parece crível. A RC Consultores projeta criação de 550 mil novas vagas para 2014, o que seria a menor geração desde o início da série histórica.