Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A subida forte do custo do dinheiro na China que bateu em 11% a.a. nas operações de uma semana e retornaram hoje ao patamar de 8,5%, dá a medida da mudança de rumo na política monetária do Banco do Povo da China, nome do banco central deles. A China vem sustentando a demanda agregada chinesa por meio de injeções maciças de liquidez desde 2009 quando eles reagiram rápido e agressivamente ao estouro da bolha imobiliária americana. Com isso, o crédito total em relação ao PIB chinês saltou de 120% para 200% em quatro anos, aumentando a alavancagem de entes estatais, empresas privadas e governamentais, todos pendurados em bancos públicos. A bolha creditícia chinesa está agora estourando.

O resultado desse ajuste chinês é imprevisível em sua intensidade, mas previsível perfeitamente na direção que tomará. A bolsa de Shangai já aponta para baixo, caindo cerca de 7% apenas na última quinzena. Outro desdobramento inevitável é a redução nos preços de commodities compradas pela China, que afetará desde minério de ferro até soja e cobre. O ciclo de altos preços de commodities parece estar com dias contados. Os países da América do Sul já sentem o golpe e o Brasil é um deles. A pressão cambial pela desvalorização nos exportadores de commodities é inevitável. E os juros tendem a subir, com queda de bolsa e de ouro, os ativos que vinham se valorizando. Um detalhe: a crise chinesa agrava o quadro criado pelas declarações recentes de Bernanke sobre começar a fazer refluir suas compras de títulos. Isso porque os bancos chineses terão mais prejuízos em suas carteiras de papeis americanos. O ano de 2013 tem tudo para " não dar certo".

Ed.211