Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Segundo relatório do instituto de pesquisa americano Conference Board, o crescimento da China deverá apresentar desaceleração expressiva ao longo da próxima década, para 3,9%, em meio a forte queda de produtividade e o fracasso dos líderes do país em estabelecer políticas internas firmes para reestruturar a economia. O instituto prevê que a China vai crescer a uma taxa média de 5,5% entre 2015 e 2019, após a expansão de 7,7% registrada em 2013. Entre 2020 e 2025, registrará um crescimento médio de 3,9%.

As autoridades Seniores do Partido Comunista começam a se reunir esta semana em Pequim num encontro sobre política econômica, que vai tratar da desaceleração econômica. A meta de crescimento do PIB chinês de 7,5% este ano está ameaçada pela crise imobiliária, fraca expansão industrial e investimento em ritmo moderado. Além disso, a China tem um plano em marcha de mudar seu sistema financeiro fechado e centralmente manipulado para um regime mais aberto e no qual os riscos de não pagamento passem a ser uma variável relevante na concessão de crédito. Vale lembrar que a economia chinesa passa por uma bolha de crédito e, portanto, de preços, pela política adotada de crédito ilimitado a empresas, na presunção de que o governo resgatará sempre os credores. Embora continue a crescer mais do que a maioria dos países no mundo, a desaceleração chinesa, pela sua dimensão, tem impacto importante em todo mundo. Nesse cenário, o Brasil, grande fornecedor de commodities para a China, deve ser afetado. Os efeitos começaram com ajustes nos preços do minério de ferro. O setor agroindustrial brasileiro, que contribuiu enormemente para o saldo de nossas reservas internacionais, deve ser o próximo a sofrer com os ajustes de preços.