Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

O IGP-M registrou no 2º decêndio de setembro forte alta de 1,36%, bem acima do valor apurado no mês anterior de 0,11%. O principal responsável foi a elevação dos preços em reais das commodities presentes no IPA (preços no atacado), que teve elevação de 1,93%, influenciada pela alta da soja em grão (+ 10,58%), minério de ferro (+ 3,05%) e milho em grão (+ 1,33%). O índice de preços ao consumidor (IPC) teve leve aceleração, passando de +0,07% para +0,23% em setembro. Já o INCC, que mede a inflação no setor da construção civil, registrou elevação de 0,30% contra 0,26% do mês anterior.

Esta forte elevação dos preços domésticos no atacado, com destaque para as commodities, foi resultado exclusivamente do processo recente de desvalorização do real, que registrou no período de coleta do 2º decêndio baixa de 3,8%. Nesse mesmo período, o preço internacional em US$ da soja em grão apresentou queda de 2,8%. É de se esperar que esta alta do IPA se reflita num futuro próximo nos índices de preços ao consumidor, principalmente nos itens do grupo alimentação, como carnes, leite e derivados. O IPC-Fipe de setembro, embora ainda registre deflação dos preços de alimentos (-0,49%), já dá alguns sinais de alerta, com itens de alta importância da cesta básica apresentando forte elevação de preços, como farinha de trigo (+ 8,24%) e carne de frango (+ 5,96%). O grupo alimentos do IPCA, que representa um quarto do peso do índice, chegou a acumular alta de 13,8% no acumulado em 12 meses em abril de 2013, sendo um dos responsáveis pela recente alta da inflação oficial. Em agosto de 2013 a alta era de 10%. A elevação do câmbio poderá interromper a queda dos preços dos alimentos e colocar mais pressão sobre a inflação.

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