Por Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC

O risco de um “apagão” elétrico na região Sudeste e Centro-Oeste do país elevou-se. Esta foi a constatação de ontem do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. Ao passar de uma probabilidade de 4,9% para 7,3%, as regiões deverão enfrentar grandes dificuldades caso o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas não se elevem. O Comitê também avaliou a possibilidade de utilização plena das usinas termelétricas, fator que, apesar do alto custo, contribuiria para mitigar o risco de desabastecimento destas regiões, caindo para 6,1%. Ainda assim, o nível ficaria acima dos 5% tolerado pelo Conselho Nacional de Política Energética, o órgão regulador brasileiro.

Apesar da grande integração que o sistema de produção e transmissão de energia elétrica possui (atualmente apenas 1,7% do total de energia está fora do sistema, em sistemas isolados principalmente na região amazônica), as regiões Sudeste e Centro-Oeste além de serem as maiores consumidoras, com cerca de 60% do total pertencente à sua rede, também exportam pequena parcela de seu excedente para as demais regiões do país. Outro problema é a alta dependência de Itaipu: 13% da energia gerada no país é dependente somente desta hidrelétrica. Após o corte abrupto de energia ocorrido mês passado, a usina passou a transferir 300 megawatts (MW) de energia além do gerado em condições normais para a região sudoeste do país, atingindo produção de 13 mil MW no horário de pico – entre 14h e 16h – muito próximo da capacidade máxima, 14 mil MW.

Tanto por parte das termelétricas quanto por Itaipu, o sistema encontra-se à beira do limite de operação, com poucas opções de expansão. Alternativamente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) optou por maior rigidez em suas novas licitações, punindo atrasos em novas obras, como acontece recorrentemente nas Usinas de Jirau e Belo Monte. É uma medida inovadora, que pode diminuir consideravelmente o risco de blecaute no médio prazo. Enquanto isso, os aumentos nas contas de luz devido ao ajuste tarifário vão continuar acontecendo e o racionamento de energia vai se tornando inevitável. Mais dois fatores adversos para a economia neste ano.