Desde o final do ano passado e início de 2015 as mudanças de política para o setor externo provocaram grande turbulência no mercado cambial: o dólar que fechou 2014 em R$ 2,65 chegou a atingir R$3,26 em meados de março, uma alta de mais de 20% da moeda americana frente ao real. Apesar de tal valorização ocasionar diversos efeitos colaterais na economia, dentre os mais nocivos o impacto inflacionário, o efeito sobre a Balança Comercial ainda ocorre de forma tímida. Em outras palavras, o encarecimento do dólar deveria amenizar a demanda por produtos do exterior, além de também gerar benefícios ao setor exportador, conforme esperado pelo mercado.

Contudo, a nota divulgada pelo Banco Central hoje revelou-nos que as transações correntes apresentaram déficit de US$6,9 bilhões em abril, acumulando, nos últimos doze meses, saldo negativo de US$100,2 bilhões, equivalente a 4,53% do PIB. Em março, este valor havia atingido 4,57% do PIB, mantida a base de comparação, ou seja, permaneceu praticamente estável.

Em termos de volume de recursos aportados no país - denominados Investimentos Diretos no Pais (IDP) -, abril registrou um montante de R$5,8 bilhões, superior à previsão da autoridade monetária e também das expectativas de mercado, mas que ainda assim não foram suficientes para “tapar o buraco” das transações correntes. Em termos comparativos o IDP contabiliza 3,96% do PIB, no acumulado em 12 meses, distante do registrado nas transações correntes.

Para os próximos meses, enquanto o alinhamento da política fiscal se arrasta e compromete cada dia mais o resultado econômico do ano, o setor externo, que já foi um dos principais fatores responsáveis pela grande pujança econômica da década passada, mostra-nos que dificilmente poderá ser um fator que poderemos contar para amenizar o mau desempenho de 2015.