O resultado do setor público consolidado, divulgado pelo Banco Central (BC), apontou déficit primário de R$ 2,3 bilhões em fevereiro. O resultado ficou negativo devido ao mau desempenho do Governo Central, que registrou déficit de R$6,7 bilhões, e também devido às empresas estatais, que apresentaram resultado negativo em R$ 828 milhões. Contribuíram para amenizar as perdas o resultado dos governos subnacionais, isto é, estados e municípios, que foram superavitários em R$ 5,2 bilhões no mês. No acumulado em doze meses, registrou-se déficit primário de R$35,8 bilhões (0,69% do PIB), resultado comparativamente pior ao registrado em janeiro, de 0,61% do PIB. O resultado é considerado ruim, pois ainda está bastante aquém da meta estabelecida pelo Ministério da Fazenda, um superávit de 1,2% do PIB, valor equivalente a

R$ 66,3 bilhões de reais.

A piora no resultado veio dos dois lados, com receitas mais fracas e aumento das despesas. As medidas anunciadas pelo governo federal aparentemente ainda não afetaram significativamente os resultados fiscais nesse primeiro bimestre do ano. O ajuste fiscal torna-se cada vez mais urgente, e as negociações com o Congresso serão fundamentais para o sucesso do programa. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou hoje de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, onde apresentou as motivações para o ajuste. O discurso para convencer os diversos agentes econômicos parece ter mudado. O enfoque nos sacrifícios causados pelo ajuste foi substituído pelos benefícios que serão colhidos no futuro.

Levy tem salientado que se os ajustes não forem feitos o risco de perda do grau de investimento da economia brasileira é muito elevado. E caso o país perca esse selo de bom pagador o custo será altíssimo para o governo, para as empresas e para os trabalhadores. O objetivo de todo ajuste seria então o de consolidar os ganhos sociais. Em frase do próprio ministro, “Para preservação do emprego, temos que botar a dívida pública numa trajetória sustentável”.