O mercado de crédito tem demonstrado uma dinâmica bastante interessante nos últimos tempos. Há ao mesmo tempo uma inadimplência estável, mas também uma desaceleração gradativa da oferta de crédito, causada em boa parte pela reverberação negativa da atividade econômica.

Para os próximos meses, o mercado de trabalho, a grande força motriz da economia, já nos fornece uma ideia do que ainda poderemos esperar para a atividade econômica. De acordo com os dados de hoje da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, a taxa de desemprego em junho atingiu 6,9% da população economicamente ativa, sendo o maior valor registrado desde julho de 2010, superando em 0,2 p.p. o mês de maio e em 2,1 p.p. o mesmo período de 2014. O valor é resultado de uma combinação de menor oferta de vagas (População Ocupada recuou 1,3% na comparação com junho de 2014) e maior demanda por emprego (População Economicamente Ativa aumentou 0,9% em termos interanuais). Ou seja, as duas variáveis utilizadas caminharam no sentido de aumentar ainda mais a taxa utilizada no cômputo da desocupação.

Quanto aos rendimentos, a perspectiva de inflação já atinge níveis consideravelmente acima das registradas nos últimos anos (próxima de 9,15% prevista para este ano), e deverá fazer com que haja um aperto real mais vigoroso dos orçamentos familiares. Menor renda implica em menor consumo e, consequentemente, menor atividade econômica.

Se por um lado o mercado de trabalho nos apresenta um quadro de dificuldades para a economia, por outro lado ele nos ajuda a explicar a dinâmica saudável das carteiras de crédito, ou em outras palavras, o porquê da inadimplência não ter aumentado. Menor atividade, menos concessões de crédito, menos fluxo de inadimplentes.