Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter, por unanimidade, a taxa básica de juros em 11% ao ano pela segunda reunião consecutiva. O Bacen repetiu o comunicado emitido em seu encontro anterior em que diz que continua “avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação” e que “neste momento” decide manter a taxa Selic.

Não houve surpresa. A decisão do Copom de manter a taxa de juros inalterada já era esperada pelo mercado. O que o mercado discute agora é a expressão “neste momento” no comunicado. Para uns, é indicação de que pode subir a taxa de juros até o final do ano, já que a inflação permanece elevada. Para outros, é a possibilidade de redução tendo em vista o baixo crescimento. Na verdade, o efeito da alta de juros sobre a demanda já atingiu os objetivos, como mostra a desaceleração pela procura por bens duráveis. A inflação de serviços, que roda em torno dos 8,5% desde 2011, tem mais relação com o mercado de trabalho do que com a taxa de juros. A inflação represada pelo controle dos preços de combustíveis e energia elétrica pressionarão os índices de preços qualquer que seja a taxa de juros. O desequilíbrio fiscal das contas públicas é a causa principal da pressão inflacionária registrada nos preços livres. A persistência da política fiscal expansionista tem tornado o Banco Central um mero “enxugador de gelo” com sua política de juro alto. O governo gasta demais e pressiona a demanda. A velocidade de crescimento das despesas correntes, 14% ao ano, vem subindo ao dobro da expansão do PIB nominal. Com essa expansão fiscal não há política monetária que consiga trazer a inflação para o centro da meta.