José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Eleitores de 28 países da União Europeia terminaram de eleger neste domingo os 751 representantes para o Parlamento Europeu. Os partidos pró-europeus e de centro-direita foram os vencedores: ficaram com 212 lugares. Os socialistas e sociais-democratas ficaram com 186 cadeiras. No entanto, a extrema-direita e partidos eurocéticos ganharam força. A extrema-direita saiu vencedora na Grã-Bretanha e na Dinamarca, avançou na Áustria e na Hungria e deverá ter representantes de partidos neonazistas da Grécia e da Alemanha. Mas a França foi o destaque com a xenófoba Frente Nacional, partido de extrema-direita, tendo um em cada quatro votos (25%).

O resultado, ainda preliminar, aponta para o pior golpe ao projeto de integração regional da UE. A população está impaciente, e em muitos países isso é compreensível. A insatisfação europeia com as políticas de austeridade do bloco e a desilusão da população com a classe política resultou no avanço da extrema-direita, movimentos populistas e mesmo da extrema-esquerda, em alguns países, como a Grécia. Sob o ponto de vista macroeconômico essa tendência à direita pode significar mercados mais protegidos e tendências mais deflacionistas. O cenário tem muita semelhança com o dos anos 30. O Banco Central Europeu está atento e é provável que na reunião da próxima semana tome medidas expansionistas. Hoje o presidente do BCE avisou que “não está resignado em permitir a manutenção da inflação demasiado baixa durante demasiado tempo”, sinalizando também que o timing é o elemento chave na resposta da política monetária.