Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A seca prolongada na região Sudeste passou a ser fator de risco nas análises de crédito. Antes restritas ao crédito para o setor agrícola, agora as avaliações sobre a meteorologia passam a ser aferidas antes da liberação de empréstimos para o setor produtivo. Alguns setores como o químico, elétrico, papel e celulose, bebidas e sucroalcooleiro, dada a sua forte dependência de água, passam a ter uma atenção especial pelos departamentos de crédito dos bancos.

A preocupação com a seca passa a ser mais um elemento a dificultar o crédito nos curto e médio prazos. Ao longo do ano os bancos já foram seletivos na concessão de crédito e subiram o spread bancário. Isso ajuda a explicar a inadimplência historicamente baixa. No entanto, empresas de alguns setores, como o sucroalcooleiro, já vêm enfrentando dificuldades para honrar os compromissos financeiros. Nesses setores já se observa a dificuldade de se conseguir crédito para financiar o giro. O momento atual não é de falta de liquidez, ou seja, dinheiro disponível no mercado. O momento é de um problema de confiabilidade. Os riscos de empréstimos aumentaram porque a economia está desacelerando. O crédito em 2015 será fator de preocupação. Tudo indica que será caro, curto e perigoso.