Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Nelson Barbosa está se despedindo do Ministério da Fazenda após uma ascensão rápida até o cargo de Secretário Executivo, como número dois de Guido Mantega. Barbosa era muito ouvido pelo Planalto e tinha a árdua missão de negociar no Congresso e com os Governadores a modernização do ICMS, como parte de uma reforma tributária “fatiada”. Nas últimas semanas, esse pedaço da pretendida reforma desandou no Senado, quando foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos um remendo contendo três alíquotas interestaduais, de 4%, de 7% e de 12%, que não atende, absolutamente, aos principais estados arrecadadores do Sudeste e Sul. A ideia era uma única alíquota de 4%. Essa frustração com os rumos da pretensa reforma e as pressões do meio financeiro sobre uma política fiscal debaixo de crescente crítica, por ser frouxa e gastadora demais, teriam causado o pedido de demissão de Barbosa.

Barbosa pode ser substituído por uma estrela em ascensão, o Secretário do Tesouro Arno Augustin, que o mercado hoje reconhece como um quase heterodoxo, apesar do cargo de vigilante das contas públicas. A se confirmar a substituição, as apostas em torno da ainda maior flexibilização da meta fiscal poderão empurrar a expectativa inflacionária para cima, impelindo o Banco Central a sinalizar uma contrapartida de endurecimento da política de juros. Hoje o predomínio das opiniões gira em torno de juro na casa de 8,25% ao final deste ano.  A substituição de Barbosa pode significar apostas mais altas para os juros. Os próximos dias nos dirão.

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