Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A reunião anual do G-8 começa hoje na Irlanda do Norte sem uma pauta que desperte atenção especial da mídia. O anfitrião, a Inglaterra, procura trazer três temas para discussão; ampliação de comércio, revisão tributária de tarifas e transparência de informação para o cidadão. O terceiro tema é uma tentativa de resposta política para a grave denúncia de que os governos ocidentais espionam os cidadãos como se estes vivessem numa Cortina de Ferro disfarçada. Os dois outros temas são realmente centrais para a recuperação da economia mundial. O embaixador da Grã-Bretanha no Brasil, num artigo hoje, lembra que o G-8 deveria ajudar as negociações de dezembro em Bali, da OMC, comandada pelo brasileiro Roberto Azevedo. Realmente, a pauta da Inglaterra para o encontro é bem educada, embora vazia de conteúdo da hora, num momento em que os Estados Unidos ameaçam começar a tirar os estímulos monetários e crescem as tensões protecionistas.

O G-8 tem na cabeça outra sorte de interesses, mais concentrados na disputa por espaços no xadrez geopolítico mundial.  Os EUA querem pressionar a Rússia sobre o suprimento de armas russas ao governo sírio. E sobre a Turquia, aliada dos EUA. O encontro fugirá de dar qualquer indicação sobre o estado da economia mundial, que o Banco Mundial reviu para baixo na semana passada em termos de PIB. Portanto, os principais países do planeta continuam agindo como se a coordenação da economia fosse apenas um dado a mais, em paralelo a seus interesses políticos e militares. Para os emergentes, inclusive o Brasil, tem tudo para acabar como mais um encontro perdido. Sinal dos tempos.

Ed.207