Por Thiago Custódio Biscuola, da RC Consultores

O fraco desempenho da economia brasileira este ano tem se refletido cada vez mais no mercado de trabalho. Segundo dados divulgados ontem pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram criados apenas 25,4 mil postos de trabalho em junho. Este é o pior resultado para o mês desde 1998. A indústria praticamente repetiu o resultado de maio, com o fechamento líquido de 28,5 mil vagas. O comércio, por seu turno, demitiu 7 mil a mais do que contratou. Com este resultado, o primeiro semestre fechou com uma geração líquida de 588,7 mil vagas (considerando as informações entregues pelas empresas fora do prazo), patamar 28,7% inferior ao verificado em 2013, quando foram criadas 826,1 mil vagas.

O sinal amarelo no mercado de trabalho parece estar migrando para o vermelho. A indústria de transformação não terá uma melhora significativa no segundo semestre. A geração líquida de vagas acumulada em 12 meses do setor entrou em campo negativo pela primeira vez desde 2009, registrando o encerramento de 34 mil vagas. O comércio, que já fechou 58 mil vagas em 2014, deve ver esse resultado piorar quando contabilizar a demissão dos temporários da Copa. Os serviços e o setor agropecuário continuarão tendo contribuição positiva, mas num ritmo cada vez menor. Depois de seguidos anos de forte crescimento, a geração líquida de vagas deve encerrar este ano bem distante dos 1,5 milhão de vagas previstas até pouco tempo pelo Ministério do Trabalho. Com sorte, deve superar metade da previsão.