Por Yan Cattani

Há aproximadamente um ano, as expectativas de mercado para inflação em 2016 já previam um patamar próximo ao teto da meta, fixado em 6,5%. Nas últimas semanas, a decisão inusitada do Banco Central (BC) sobre manutenção do atual patamar da Selic, 14,25%, fez com que o mercado de revisasse para cima tais expectativas, confirmando nova desconfiança quanto ao cumprimento da meta inflacionária.

De fato, de acordo com dados de hoje do IBGE, a apuração do resultado de janeiro da inflação oficial (IPCA) foi de 10,71%, considerando os valores acumulados em 12 meses. O registro é o maior resultado desde novembro de 2013, quando a inflação atingiu 11,02%. Na avaliação mensal, o indicador agregado subiu 1,27%, acelerando 0,31 p.p. na comparação com o resultado obtido em dezembro. De acordo com a abertura do índice, a categoria que obteve a maior alta no mês foi novamente a de Alimentação e Bebidas, com variação de 2,28%. Transportes também sofreu grandes reajustes, com elevação de 1,77% no mês.

De olho nos últimos efeitos macroeconômicos, apesar da elevação não chegar ao nível observado em 2015, o ano já começa com baixas expectativas de cumprimento da meta inflacionária, uma vez que o processo desinflacionário não deverá ocorrer tão rapidamente: os preços livres continuam com perspectivas ruins, em grande parte por causa das tarifas de serviços, que deverão sofrer ainda algum efeito de inércia inflacionária derivada de 2015. A decisão pela não elevação dos juros, caso continuada, deverá prolongar ainda mais os efeitos inflacionários, contaminando já o resultado de 2017. Inflação no centro da meta, quem sabe, em 2018.