Por Flávio Calife e Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC

Ontem, o ministro da Fazenda do segundo mandato de Dilma Rousseff, Joaquim Levy, foi finalmente empossado. O novo ministro trouxe aos espectadores um discurso já esperado, que preza o “reequilíbrio fiscal”, ou seja, retomada de um rigor nas contas do governo e transparência nos procedimentos que envolvam bancos públicos e o Tesouro Nacional. Ressaltou o caráter sadio do novo governo, que reconheceu a tempo a necessidade de uma reelaboração do caminho traçado pela economia nos últimos anos. Ademais, enfatizou também seu empenho pessoal em realizar uma simplificação dos tributos, principalmente aqueles que impactam a poupança doméstica e outros que acabam produzindo “desbalanceamentos setoriais da carga tributária”.

Além do discurso, Levy também revelou sua nova equipe. Praticamente todos os novos secretários têm algum histórico em comum com o atual ministro, que possui vasta experiência em organismos internacionais e até mesmo no governo. Contudo, sua equipe apesar de sustentar renomados burocratas e professores, possui pouca, ou melhor dizendo, quase nenhuma familiaridade com nomes esperados pelo mercado financeiro, que aguardava nomes que expressassem a dinâmica associada aos ajustes a serem realizados. Dentre eles, podemos citar dois casos que são mais uma promessa do que sua expertise nos sinalizam. São eles, Marcelo Saintive Barbosa, secretário do Tesouro, que substituirá Arno Augustin, fato que por si só gera conforto ao mercado dada a criatividade contábil do ex-secretário, e Afonso Arinos Melo de Franco Neto, professor de escola ortodoxa que substituirá Márcio Holland, conhecido pela linhagem heterodoxa (e também por suas declarações polêmicas), na secretaria de Política Econômica.

Em um cenário complexo e fragilizado, a boa condução dos técnicos poderá ser decisiva. Mas, acima de tudo, será fundamental a atuação do ministro para manter sob controle as contas do governo de modo a atingir os ajustes esperados. A ver.