Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Como prevíamos na quarta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu ontem a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 0,25%, nova mínima recorde. Com isso, a taxa de depósito ficou em zero e a taxa de empréstimo foi reduzida para 0,75% ante 1%. O risco de deflação e euro mais forte motivaram a atitude do BCE. O presidente do BCE, Mario Draghi, não descartou novo corte: “em princípio, nós podemos até cortar ainda mais a taxa de juros”.

O mercado respondeu rapidamente a essa medida. O euro, que no final de outubro era comercializado a US$ 1,38, fechou ontem a US$ 1,34, um recuo de quase 3%. Uma política monetária expansionista, com o corte de juros, vai ajudar a competitividade das exportações da zona do euro, o que vai auxiliar, sobretudo, os países do sul da Europa. No entanto, apenas essa medida não será suficiente para aumentar as exportações dos países periféricos europeus. A participação da Alemanha é essencial. O país germânico, que até já foi criticado vivamente pelo Departamento do Tesouro norte-americano, continuará sobre pressão devido ao superávit de sua balança comercial. Não seria surpresa se um inquérito especial da Comissão Europeia para Assuntos Econômicos e Monetários fosse aberto contra a Alemanha devido ao seu balanço de transações correntes. Pelas normas da zona do euro, este indicador não deve ir além dos 6% do PIB, mas desde 2007 o balanço de transações correntes da Alemanha tem ultrapassado constantemente esse percentual. Estima-se que em 2014 chegue a 7% do PIB.

Ed.310