Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

Na esteira do anúncio de ontem feito pelo Banco do Japão, de que promoverá uma política de mais afrouxamento monetário, acompanhando o FED, o Banco da Inglaterra, o BCE e o Banco da China, o ministro da Fazenda Guido Mantega veio aos jornais locais lamentar a atuação dos americanos e responsabilizar o QE 3, recém anunciado, pela ameaça de nova valorização do real, o que comeria a pouca margem exportadora da nossa indústria. O raciocínio do ministro está tecnicamente correto, pois uma emissão ainda mais volumosa de moedas nas principais economias promoverá fuga de capitais para áreas monetárias dos países brindados por força exportadora de suas commodities, como o Brasil, Austrália e Canadá. Contudo, a denúncia é inútil porque, não só o FED, mas todas as economias deprimidas querem avançar nas emissões monetárias.

Por seu turno, o Banco Central do Brasil age para neutralizar parte da valorização potencial do real. Acaba de anunciar anteontem a eliminação da alíquota adicional de 6% do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista e pequena redução de 12 para 11% na alíquota adicional sobre os depósitos a prazo. Melhoram, assim, as condições de custo dos empréstimos bancários, alívio há muito esperado pelas empresas brasileiras. Apesar da boa notícia, o custo dos recolhimentos no Brasil é o mais elevado do mundo: 44% sobre depósitos à vista e 31% sobre os a prazo! Uma reforma financeira é urgente no Brasil e pode ser acelerada, sem querer, pela incontinência monetária dos países em crise.

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