Por Bruna Martins e Flávio Calife, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC.

O Banco Central (BC) manteve o ciclo de aperto monetário ao elevar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, que atingiu 12,75% ao ano. O comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) não deu sinais sobre o futuro da política monetária, apenas declarou que a elevação deve-se ao cenário macroeconômico e às perspectivas para a inflação. O mais plausível é esperar por novas elevações da Selic, uma vez que as projeções para a inflação andam bem acima do teto da meta.

A alta do dólar e a instabilidade política sobre as medidas de austeridade também tendem a pressionar a manutenção do ciclo de elevação dos juros devido aos impactos sobre a inflação. Com a cotação do dólar próxima aos R$ 3,00, a desvalorização cambial chegou a 14,6% desde a última reunião do Copom (em janeiro deste ano). Depois da declaração feita pelo ministro da Fazenda de que o governo reduziria a intervenção no câmbio, as elevações do dólar foram sucessivas, e podem ser intensificadas se o BC não rolar o vencimento do swap cambial de abril.

Há também preocupação com o cumprimento da meta fiscal depois da devolução da MP 669 e suas consequências. Quanto mais restritiva a política fiscal, menores os esforços do BC para reduzir os preços, por isso os ajustes fiscais são esperados com tanta ansiedade.

O aumento da taxa básica de juros encarece a tomada de crédito e inibe os investimentos, reduzindo ainda mais a atividade econômica, que também será prejudicada pelos ajustes fiscais. São em momentos de crescimento econômico que políticas fiscal e monetária contracionistas costumam ser adotadas, não em momentos de recuo da atividade econômica. A atual situação da economia brasileira não nos deixa essa opção.