Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O FED se reúne hoje e amanhã para decidir o futuro da política monetária dos EUA, uma decisão com repercussões nos ativos financeiros de todo o mundo. Desde 2008, sob a presidência de Bernanke, cujo mandato termina no final deste mês, o FED quadriplicou os ativos de seu balanço, com compras de ativos destinadas a baixar os preços de financiamento a longo-prazo e reduzir o desemprego. Os ativos do banco central americano estão em torno de US$ 4 trilhões, um valor que excede o PIB da Alemanha, quarta maior economia do mundo, aumentando os receios de bolhas em alguns mercados financeiros.

Durante esses dois dias as atenções dos investidores mundiais estarão concentradas nesta reunião, na expectativa de que o FED deixe pistas que permitam perceber quando a retirada dos estímulos irá começar e de quanto será o montante. Há motivos de inquietação entre os investidores. O maior deles seria um recuo do FED em relação ao seu programa de afrouxamento monetário, que injeta mensalmente US$ 85 bilhões na economia americana. O resultado da reunião pode pressionar a dívida e as moedas de economias mais frágeis, os mercados emergentes, além da dívida empresarial de maior risco. Também a dívida soberana dos EUA deverá ajustar em alta, dada as perspectivas de subida de juros que se seguirão ao início da retirada de estímulos. Ressalte-se que em vários mercados de ativos altamente especulados já é grande o desconforto quanto à ausência de fatores de sustentação das altas ocorridas. É o caso, por exemplo, do ouro e da prata, cujos recuos dos preços retornam a níveis de 2009, sinalizando tal temor.

Ed.335