Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

A reunião de cúpula dos presidentes do Mercosul neste último fim de semana frustrou as expectativas até dos mais otimistas por não haver trazido uma única resolução relevante na direção de resgatar a crise comercial e econômica da região. A TEC, tarifa externa comum, não foi objeto de discussão, o que reflete, pela ausência, o ânimo negativo dos participantes do conclave. Preponderou o discurso anti-americano vazio e, agora também, anti-europeu, aquele por conta da bisbilhotagem dos EUA, e este, pela gafe diplomática contra o avião do chefe-de-estado boliviano nos céus europeus.

A Aliança do Pacífico, iniciativa comercial-diplomática de Peru, Chile, Colômbia e México, e agora possivelmente, do Paraguai, este último egresso do bloco Mercosul, tem muita chance de desbancar a importância e influência do Brasil no contexto latino-americano. Os vizinhos percebem que, mesmo sendo uma economia de grande porte, o Brasil ainda não é, e pode nunca chegar a ser, uma “grande economia global”. Fazer parte dos BRICs já não impressiona os vizinhos mais preocupados em desenvolver mercados e fazer negócios. Alianças pragmáticas estão em moda. Discursos políticos, não. O Brasil perde espaço comercial na região e isso se reflete em sua balança regional estagnada. O Mercosul virou apenas um entrave a mais para a lenta diplomacia brasileira.

Ed.227