Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Segundo relatório da World Energy Outlook, a Agência Internacional de Energia (AIE), até o ano de 2035 a matriz energética global mudará significativamente, com aumento da participação de fontes renováveis de energia e redução das não renováveis. As projeções da AIE apontam um consumo menor de 15% de petróleo e 12% menos de carvão, e um aumento do gás de 11% e 25% da energia nuclear. As fontes renováveis (bioenergia, hídrica etc.) passarão de 13% da matriz energética para algo em torno de 18%, ou seja, um aumento de mais de 30%.

Os preços do gás produzido a partir das novas fontes exploradas nos EUA vêm induzindo uma mudança drástica em todos os principais segmentos usuários desta matéria-prima. No Brasil, os preços do gás seguem rígidos, em patamares elevados e completamente desalinhados do novo padrão que se forma diante da realidade desta fonte de energia mais limpa. A redução do preço da energia para uso industrial é incorporada aos preços finais dos produtos que chegam mais baratos, deslocando e até matando os competidores que não desfrutam dessa vantagem. O preço do gás brasileiro chega às indústrias usuárias onerado por uma estrutura tributária inapropriada. Setores como petroquímica, cerâmica e vidros são fortemente afetados. Com relação à energia hídrica, as incertezas de mercado enfrentadas recentemente pelas elétricas se somam ao risco hidrológico pela falta de chuvas, acarretando uma dependência de geração térmica. Erros básicos como falha no edital de licitação em 2008 para execução das obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, implicando que parte da energia produzida este ano pelas usinas não poderá ser escoada para o resto do país, falta de linhas de transmissão para a energia eólica ou mesmo a política de preços inapropriada induzida pelo setor público, demonstram os graves equívocos da política energética do País.

Ed.367