Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O último relatório do BIS, Bank of International Settlements, aponta que os empréstimos dos bancos internacionais para o Brasil caíram de US$ 7,2 bilhões no primeiro trimestre para US$ 3,1 bilhões no segundo trimestre. Enquanto o fluxo de empréstimos para o Brasil diminuiu, houve aumento para outros países emergentes. Para a Índia o fluxo teve um acréscimo de US$ 3,2 bilhões. A Coréia viu seu fluxo de empréstimos evoluírem de US$ 2,8 bilhões no primeiro trimestre para US$ 13,3 bilhões no segundo. A Rússia, por outro lado, viu seu fluxo de créditos bancários ser cortado em US$ 6 bilhões no segundo semestre.

A redução de fluxos de empréstimos externos não trará grande impacto para o Brasil em 2014. No entanto, é certo o aumento dos riscos no mercado global. A conjuntura externa vai agravar-se. Comecemos pelos mercados financeiros. Gradualmente, as bolsas da Europa parecem seguir na direção de realização de lucros e até nos EUA se começa a vislumbrar alguma fragilidade. Mas também no mercado monetário são visíveis os primeiros sinais de stress. É o caso da divergência registrada entre o comportamento das emissões de dívida soberana da Alemanha, cujas taxas implícitas continuam a diminuir, e as dívidas soberanas dos países periféricos - da Grécia, de Portugal, da Espanha e, cada vez mais, da Itália - cujas taxas implícitas têm subido. O mesmo tipo de divergência observa-se também no segmento corporativo, com o aumento do prêmio de risco associado ao chamado ‘high yield' face às emissões com notação de ‘investment grade'. O Brasil não deve ignorar os sinais de redução da liquidez e da oferta de empréstimo no mercado global. Nossas contas correntes do balanço de pagamentos são deficitárias em US$ 80 bilhões anuais e as estimativas de exportações para os anos seguintes são bem menos favoráveis do que foram até agora. Alerta amarelo também para as empresas devedoras em moeda estrangeira.