Por Flávio Calife e Bruna Martins, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC

As projeções do mercado que são divulgadas semanalmente no relatório Focus do Banco Central nos mostram que nos últimos 4 anos os analistas têm sido preponderantemente otimistas em suas previsões. Comparando as expectativas do relatório no início de cada ano para o Produto Interno Bruto (PIB) com os dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nota-se que 2010 foi o último ano em que as projeções foram subestimadas (observou-se crescimento de 7,5% ante expectativa de 5,2%), logo após uma crise financeira internacional que minou a confiança do mercado. Desde então os resultados oficiais ficaram bem aquém das expectativas. No início de 2014, por exemplo, esperava-se um crescimento da economia brasileira de 1,95%, sendo que a provável variação do PIB será próxima de zero.

O primeiro relatório Focus de 2015, divulgado hoje, aponta uma expectativa de crescimento econômico de 0,50%, bem abaixo da média de 1,6% dos últimos 4 anos e ainda mais distante da média da América Latina, de 2,9%, conforme os dados consolidados pelo FMI e projeção de 2014 feita pela CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe, da ONU). O cenário contempla as medidas de austeridade anunciadas pela nova equipe econômica e com ela a esperança de reconquistar a confiança do mercado, viabilizando uma retomada mais sustentável do crescimento da economia após 2015. A dúvida recai sobre o alcance das medidas e a efetividade de seus resultados. Esse ambiente, ainda muito incerto, torna as projeções bem mais voláteis e bem menos precisas. Talvez ainda seja cedo para questionarmos, mas o desafio é bastante claro. Neste cenário, estaria o mercado, de fato, otimista ou pessimista para 2015? O excesso de otimismo tem levado a projeções equivocadas, mas quem sabe o pessimismo nos traga surpresas positivas?