Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O Secretário Timothy Geithner, chefe do Tesouro dos EUA até o próximo domingo, quando será substituído por Jacob Lew, afirmou para o Wall Street Journal que a economia americana já está no começo do quarto tempo do seu “jogo de basquete” para se recuperar da crise de 2008. Enquanto isso, ele avalia que a Europa estaria só passando do primeiro para o segundo tempo do jogo.  Para provar, ele lembra que o ajuste do setor imobiliário nos EUA está no seu quinto ano e bem avançado, os bancos estão mais capitalizados e bem menos alavancados, além do adiantado processo de ajuste feito nas dívidas pessoais ao nível da renda das famílias. No balanço, Geithner considera ter conduzido uma intervenção bem sucedida, que terá economizado dezenas de bilhões aos americanos “no longo prazo”, por haver prevenido o colapso do sistema financeiro.

Já na Europa, esse mesmo processo mal teria começado. Ainda assim, Geithner sai do governo Obama com duas advertências. Primeiro, que não espera ajuste rápido no mercado de trabalho. O ajuste será lento, diz ele, o que é compatível com recentes projeções do Banco Mundial sobre o desempenho dos EUA em 2013, na faixa de apenas 2% de crescimento. O outro alerta é mais crítico: o mundo não dará um tempo infinito para os EUA mostrarem ser capazes de colocar em ordem suas finanças públicas. A confiança do mundo no sistema político americano se tornou limitada. Seguramente ele está se referindo aos próximos embates no Congresso sobre a nova elevação do teto da dívida federal, associada aos cortes em despesas requeridos pelos republicanos. No conjunto, a entrevista do demissionário Geithner deixa um nítido sabor de frustração, não só em relação ao baixo grau de reconhecimento do público, pelo o que o governo teria conseguido até aqui, como pela pouca perspectiva efetiva de uma nova era de otimismo e prosperidade para o povo americano.

Ed.108