Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A perspectiva da OCDE, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, não é nada animadora para a zona do euro. Em seu último relatório, a OCDE reviu para baixo as previsões de crescimento da região de 1,2% para 0,8% em 2014. Segundo a organização, a recuperação “mantém-se decepcionante”, particularmente no caso da Alemanha, que agora projeta um crescimento de 1,5%, França crescendo apenas 0,4% e a Itália, com projeção de queda do PIB de 0,4%.

O que a OCDE aponta em seu último relatório, além da revisão para baixo do PIB na região, é que a baixa inflação nos países da moeda única continua a ser uma das principais ameaças à recuperação econômica e criação de empregos. Essa visão sobre o cenário na zona do euro reflete-se também nas perspectivas de crescimento para 2015. Agora a previsão para o próximo ano é de crescimento de 1,1%, queda de 0,6 ponto percentual sobre o relatório anterior. Embora o crescimento verificado em alguns países periféricos seja importante, essas economias ainda enfrentam desafios estruturais e fiscais, além de elevados níveis de dívida. Já a evolução das principais economias da zona do euro não responde de forma positiva. A confiança se enfraquecendo e a queda da demanda reflete-se na baixa inflação, que está perto de zero, mas já é negativa em alguns países. Neste cenário o BCE, que já tinha baixado as taxas de juros e liberado recursos para empresas não financeiras, reforçou essas políticas na última reunião. No entanto, sobra dinheiro e falta disposição para emprestar na Europa. Com o agravamento das relações com a Rússia, as vendas europeias tendem a cair mais. Com a União Europeia representando quase 20% das nossas exportações e com a queda das commodities, o cenário de 2015 para o setor externo brasileiro não será nada fácil.