Por Yan Cattani

Há cerca de 23 anos, deflagrou-se a primeira etapa do Plano Real, um dos principais responsáveis pelo período de estabilidade econômica e futura bonança em termos de consumo para os brasileiros. Denominado PAI, Plano de Ação Imediata, suas ações consistiam em uma série de ajustes de cunho fiscal, mas notavelmente em ações de corte de gastos públicos, combate à evasão de divisas, privatizações e ajustamento de conduta dos bancos públicos.

Todas essas ações foram cumpridas, em maior ou menor grau. Entretanto, no que tange ao corte de gastos com Estados e Municípios, tal ação nunca foi plenamente atendida. Somente após a Lei de Responsabilidade Fiscal (2000) é que um ajuste dos governos subnacionais começou a ser realizado.

A crise que vivenciamos hoje deriva em boa parte do descontrole dos gastos públicos. Por maiores os esforços que já foram realizados nas políticas monetária, cambial e de preços internos, estamos novamente deixando de lado o ajuste orçamentário de Estados e Municípios, arrastando uma retomada de crescimento econômico.

Segundo o Banco Central, o indicador antecedente da atividade econômica (IBC-BR) recuou 5,43% nos valores acumulados em 12 meses até maio. Com este resultado, o indicador ficou novamente abaixo das projeções do mercado, mantendo praticamente o mesmo nível aferido há um mês. Tal resultado poderia significar uma inflexão de tendência, mas no entanto, as incertezas econômicas ainda se alastram pela economia.

Fato é que houve algumas melhorias recentes, como a cessão do aumento do desemprego, inflação um pouco mais baixa, expectativa de juros menores etc. São assim variáveis que juntas permitem-nos vislumbrar um cenário mais benigno no final de 2016. Contudo, ressalta-se que ainda não observamos uma melhora efetiva em si, mas sim uma amenização das péssimas condições alcançadas.

Praticamente revisitando o PAI, todas suas etapas foram realizadas, mas novamente deixamos de lado a austeridade fiscal interna. Enquanto este ponto não for devidamente destrinchado, viveremos comemorando tais tipos de “vitória”, dignas de inveja a Pirro.