Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O Supremo Tribunal Federal bateu o martelo sobre a indenização de R$ 3 bilhões (em valores atuais, poderá passar dos R$ 7 bilhões) que a União ficou obrigada a pagar aos credores da Varig, já que a empresa beneficiária, tal como a conhecíamos, não mais existe. Existem, porém, os milhares de funcionários da empresa – aeronautas e aeroviários – que ficaram pendurados no Fundo de pensão Aerus, maior credor da empresa, com cerca de 52% do total dos créditos originais.

A Varig deixou de ser o “top of mind” do Brasil no exterior, levando nossa cultura de cordialidade e engenhosidade. O prejuízo completo do País, em termos de negócios e posições perdidas, além de danos materiais e morais a milhares de funcionários, é calculado pela RC Consultores como algo na faixa de R$ 10 bilhões. Mas o Brasil é um país essencialmente partidário. Quando havia tempo de dar a volta por cima, os recursos liberados ontem pelo STF seriam mais do que suficientes para virar a mesa. A boa oportunidade passou, sem o benefício de uma decisão judicial e de apoio político tempestivos, que faltaram na hora certa, ainda em 2005, quando a Varig começou a desaparecer. Cerca de 600 pilotos, os melhores do País, foram “exportados” para outros países. Sobrou agora o esqueleto de R$ 3 bilhões. Nem de longe é o maior deles. Ação no STF que decidirá se os bancos terão ou não que ressarcir os poupadores, que alegam que as instituições financeiras aplicaram incorretamente os índices estabelecidos nos planos econômicos da era Sarney e Collor, demonstra que eles estão aí. O próximo governo terá a tarefa de ter práticas fiscais compatíveis com os encargos que começam a chegar.

Ed.380