Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, encerra esta semana uma visita à China onde foi acompanhar a abertura de exercícios militares conjuntos e manter conversações com o líder chinês Xi Jinping com vistas a um apoio da China na crise da Ucrânia e acordos comerciais, entre os quais, o mais importante, é o fornecimento de gás russo à China. No campo político, Putin encontrou algum apoio em relação à Ucrânia. No econômico, fracassou a assinatura do acordo de fornecimento de gás, avaliado em US$ 400 bilhões.

A intenção de Putin é diminuir a dependência econômica da Rússia perante o Ocidente. O principal cliente do gás natural russo é a Europa, que tenta encontrar outras fontes de energia. Embora no curto prazo seja pouco provável que a União Europeia venha a agravar sanções econômicas devido à situação na Ucrânia, a Rússia pretende encontrar um novo cliente. Após mais de uma década de conversas, há uma convergência de interesses. Enquanto países europeus buscam reduzir a dependência do fornecimento do gás russo, Pequim procura diminuir o uso de carvão em troca de combustíveis mais limpos. No entanto, os dois países foram incapazes de superar as divergências comerciais. O fracasso em se chegar a um acordo sugere que a China está firme em sua barganha de preço. A China tem outras opções, como o projeto de gás em Sichuan ou mesmo o gás natural liquefeito norte-americano. Para a Rússia o acordo é essencial.