Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Hoje à noite o Banco Central anuncia a decisão do Comitê de Política Monetária – Copom – sobre a taxa básica de juros da economia, atualmente em 11,25%. O mercado se divide entre um aumento que vai de 0,25 a 0,75 ponto percentual. Na curva de juros futuro de ontem, o mercado projeta cerca de 85% de chance de alta de 0,50 ponto percentual (p.p.) e outros 15% de possibilidade de a elevação ser de 0,75 p.p.. A novidade é que o mercado já está descartando a possibilidade de aumento de 0,25 p.p..

A prevalecer esse aumento de 0,75 ou mesmo 0,50 p.p., o Banco Central sinalizará uma recessão econômica para 2015. Como já comentamos nas últimas decisões do Copom sobre o aumento de juros, insistimos na tese que sob o ponto de vista do controle da inflação, a medida é desnecessária e inoportuna. Desnecessária porque os preços livres, excetuando-se os serviços, estão rodando com tendência ao centro da meta de 4,5% no médio prazo. Os serviços, em função dos contra-cheques emitidos pelo governo central, pouco respondem à política monetária. Inoportuna porque a elevação dos juros vai acentuar ainda mais a desaceleração econômica já em curso. As vendas do varejo ampliado recuaram 1,2% em setembro sobre o mesmo mês do ano anterior. A subida da taxa de juros vai ampliar esse quadro de desaceleração que vai se juntar ao elevado comprometimento da renda das famílias. A indústria, que já vem recuando ao longo do ano, sofrerá mais um revés. As despesas do governo fora de controle, estas sim, continuam pressionando a demanda e são a causa da inflação fora da meta.