Após dois anos de relativa estabilidade, a inadimplência das empresas enfrenta um novo período de aceleração, ocasionada em essência por um cenário de forte incerteza econômica, com retração industrial, perspectiva de estabilidade do comércio, forte desaceleração do crédito, níveis altos de inflação, entre outros fatores. De acordo com os dados da Boa Vista SCPC (com abrangência nacional), a inadimplência das empresas aumentou 7,9% no primeiro trimestre de 2015 na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

Avaliando a tendência de longo prazo, isto é, os valores acumulados nos últimos 4 trimestres (segundo trimestre de 2014 até primeiro trimestre de 2015) frente aos 4 trimestres antecedentes, a inadimplência cresce de forma mais amena, com elevação de 5,7%. Já na avaliação trimestral frente ao último trimestre do ano passado, o aumento é de 3,1%, expurgados efeitos sazonais.

O indicador é um somatório dos principais mecanismos de apontamento de inadimplência empresarial, isto é, cheques devolvidos, títulos protestados e registros realizados na base da Boa Vista SCPC. Assim, apesar da tendência de longo prazo ainda não apresentar variações significativas como em outros períodos, podemos considerar o número como um alerta adicional para o empresário, dada a atual conjuntura macroeconômica.

O nível da inadimplência oficial, calculada pelo Banco Central (referente aos recursos livres destinados às empresas), até o fechamento de fevereiro também demonstrava trajetória de estabilidade. Mesmo com seu resultado trimestral ainda não consolidado e diferenças metodológicas entre o indicador oficial e o da Boa Vista SCPC (o primeiro é mensal e mede estoque de inadimplência enquanto o segundo é trimestral e mede fluxo), a tendência que o indicador de fluxo aponta sugere elevações futuras para inadimplência empresarial oficial. Sendo assim, nossa expectativa é que ao longo de 2015 o fluxo de empresas inadimplentes continue com tendência de alta e encerre o ano acima do patamar observado em 2014.