Dos consumidores que pagaram as suas dívidas e saíram do cadastro de inadimplentes, 59,2% (ou seja, praticamente 6 em cada 10) voltaram a constar do cadastro até um ano depois, segundo levantamento da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). O levantamento é de âmbito nacional, e foram analisadas as exclusões e inclusões na base de dados do SCPC, de junho de 2013 até junho de 2014. Para efeito do estudo foram considerados os consumidores que regularizaram todas as suas pendências.

Considerando somente os três meses seguintes ao pagamento das dívidas, 35,3% dos consumidores excluídos da base de inadimplentes voltaram a ter uma dívida vencida e não paga registrada no banco de dados da Boa Vista SCPC. Em média, 2 milhões de consumidores saem do cadastro mensalmente. Em levantamento realizado em junho de 2013, a reincidência da inadimplência em 3 e 12 meses era de 33,2% e 57,2%, respectivamente. Houve, portanto, uma pequena piora nas taxas de reincidência, tanto de 3 quanto de 12 meses.

De acordo com o diretor de Sustentabilidade da Boa Vista SCPC, Fernando Cosenza, o resultado do estudo está em linha com a atual realidade de aperto dos orçamentos dos brasileiros. Também por isso, a inadimplência dos consumidores apresenta alta no acumulado do ano em 2014, conforme aponta o indicador da Boa Vista. “Muitas vezes, a reincidência na inadimplência ocorre devido à falta de planejamento na renegociação da dívida, gerando parcelas que efetivamente não cabem no bolso do consumidor. Na ânsia de limpar o nome, ele assume um parcelamento que não conseguirá cumprir. Mas essa hipótese é menos relevante este ano, já que há algum tempo o brasileiro vem demonstrando maior maturidade e cautela na gestão de suas contas. Nesse momento, a taxa de reincidência está mais associada ao aperto dos orçamentos, pressionados pela inflação, pela alta dos juros e pelo menor crescimento da renda real”, analisa Cosenza.

O retorno ao cadastro de inadimplentes depois da dívida já paga evidencia também a necessidade de um melhor planejamento financeiro por parte dos consumidores. “Se o planejamento já era importante quando os salários cresciam mais e a inflação e os juros eram menores, agora ele é fundamental”, relembra Cosenza.