A recessão econômica associada à crise política tem contaminado cada vez mais o mercado de crédito, como apontam os indicadores da Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

Os pedidos de falência já registraram aumento de 17,8% no acumulado do ano (janeiro a novembro 2015), em relação ao mesmo período de 2014; já as falências decretadas subiram 17,4% na mesma base de comparação. Os pedidos de recuperação judicial e as recuperações judiciais deferidas, no acumulado do ano, também seguiram tendência de alta, registrando 50,3% e 43,6%, respectivamente.

Outro indicador que confirma este cenário adverso é o de Títulos Protestados de Empresas e Consumidores, que no país aumentou 25,5% no acumulado do ano (janeiro a novembro de 2015) em relação ao mesmo período de 2014. Mantida a base de comparação, tanto os protestos de empresas quanto os de consumidores seguem também pioraram, registrando 18,3% e 36,5%, respectivamente.

A inadimplência do consumidor ocasionada pelo não pagamento das contas feitas com o uso de cheque como meio de pagamento também tem se mostrado expressiva. Em 2014 foram movimentados 771 milhões de cheques, sendo que 15,35 milhões foram devolvidos, ou seja, um percentual de 1,99% de devoluções. Já em 2015, no acumulado entre janeiro e outubro,  foram movimentados 574,9 milhões de cheques em todo o Brasil, sendo que 12,36 milhões foram devolvidos por falta de fundo, resultado em um percentual de 2,15%. Em 12 meses são esperados 600 milhões de cheques movimentados, dos quais cerca de 14 milhões devem ser devolvidos. Portanto, mais um indicador que corrobora a piora do ambiente econômico.

Neste contexto de instabilidade, a expectativa da Boa Vista SCPC é de que em 2016 a inadimplência do consumidor atinja a marca dos 6,5%, com base nos dados do Banco Central. Segundo o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife, é incerto estimar quando a economia brasileira começará a reagir, se já em 2016 ou mesmo em 2017, porque mesmo que a confiança da economia melhore, com os desdobramentos que estão por vir no campo político, o processo de recuperação do mercado de trabalho, de confiança dos investidores, dos juros e da inflação é longo.