Bruna Martins/Yan Cattani

Os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a Produção Industrial registrou queda de 8,1% no acumulado de janeiro a novembro de 2015 em relação ao ano anterior. Em 12 meses a retração foi de 7,7%.

Um dos destaques – negativos – foi a categoria de “Indústrias de Transformação”, que recuou 9,3%.  As “Indústrias Extrativas”, por sua vez, aumentaram apenas 5,2%, após 5 meses consecutivos em desaceleração. Considerando a análise por Categoria de Uso, na mesma base de comparação, os “Bens de Capital” recuaram 24,1%, depois de 16 meses em queda, e a situação dos “Bens de Consumo” não é diferente, 18 meses com variações negativas para atingir variação de -17,6%.

Os números da Produção Industrial foram ruins ao longo de todo ano e já eram esperados pelo mercado. Todavia, os resultados do mês surpreenderam negativamente até mesmo as projeções dos analistas mais pessimistas, que observaram um recuo de 2,4% na variação mensal, sendo que as projeções aguardadas eram de apenas -1,8%.

A indústria passa por um triplo ajuste. Em primeiro lugar, há a reestruturação do mercado de trabalho, com aumento do ritmo de demissões e seus consequentes custos das folhas de pagamento. Em segundo lugar, existe a desvalorização do real, que de um lado encarece as importações de bens de capital e do outro ajuda na competitividade internacional. O último ajuste é do consumo das famílias, cuja tendência atual é negativa.

Enquanto estes ajustes não se consolidam, a indústria mantém-se distante de aumentar a produção. Diante de um cenário econômico tão incerto, os empresários deverão manter sua confiança baixa e sem incentivos para investir. A indústria até o momento encontra-se à espera de fôlego para movimentar suas engrenagens.