A aceleração das concessões de crédito às pessoas físicas parece estar por trás do crescimento das vendas do comércio varejista em julho. Também pode ter colaborado a melhora da avaliação da situação atual, que vem sendo responsável pelo ligeiro aumento da confiança do consumidor nos últimos meses.

Essa é a avaliação dos economistas da Boa Vista em sua análise da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) de julho, divulgada nesta quarta-feira (11) pelo IBGE.

Em julho, as vendas do varejo restrito cresceram 1% em relação a junho, na série com ajuste sazonal. O dado de junho, por sua vez, foi revisado de alta de 0,1% para crescimento de 0,5%.

Na comparação com julho de 2018, as vendas cresceram 4,3%. Com isto, elas acumulam alta de 1,2% no ano e 1,6% em 12 meses.

O varejo ampliado, que inclui as vendas de materiais de construção e automóveis, por sua vez, cresceu 0,7% no mês e acumula alta de 3,8% no ano e 4,1% em 12 meses.

Os dados surpreenderam positivamente os economistas da Boa Vista, que, contudo, alertam que ainda é cedo para otimismo. Isto porque o fraco crescimento da renda, o elevado nível de desocupação e subutilização da mão de obra e o endividamento em alta representam obstáculos para uma retomada sustentada do crédito e do consumo.

“As concessões de crédito com recursos livres aos consumidores vêm se acelerando desde maio, o que parece estar por trás do crescimento das vendas do varejo em junho e julho. O mercado de trabalho, contudo, segue bastante fragilizado, com o desemprego caindo basicamente por causa da expansão da informalidade e do trabalho por conta própria. A renda cresce pouco, o que tem resultado em aumento do endividamento e do comprometimento da renda, elevando, com isto, o risco de maior inadimplência mais à frente”, explicam.

Por outro lado, os economistas ponderam que a liberação dos recursos do FGTS deve representar um alívio para consumidor e um fôlego adicional para o crédito e o varejo.

Na análise setorial, a equipe da Boa Vista destacou o crescimento das vendas de móveis e eletrodomésticos em julho (após duas quedas) e o terceiro aumento mensal consecutivo das vendas do setor de vestuário e calçados.

“São dois setores bastante dependentes de condições favoráveis do mercado de crédito”, concluem.