O Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo (IPCA)[1] registrou 2,95% de aumento em 2017, conforme divulgado pelo IBGE nesta manhã, ficando 3,34 p.p. abaixo do nível observado em 2016. Em relação ao mês anterior, dezembro apresentou alta de 0,44%, 0,16 p.p. superior ao valor de novembro, ficando consideravelmente acima da expectativa do mercado, de 0,30%[2].

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Com exceção de habitação, que caiu 0,40% no mês, todos os demais grupos apresentaram elevação em dezembro. Dentre os destaques, o grupo de transportes variou 1,23% no mês por conta dos preços mais de passagens aéreas, com alta de 22,28%, e gasolina, cujo preço do litro ficou, em média, 2,26% mais caro. No grupo Vestuário (0,84%), os  itens destacados foram roupa masculina (1,27%), roupa infantil (1,05%), roupa feminina (0,71%) e calçados (0,69%).

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No grupo dos Alimentos (0,54%), após sete meses queda, a mudança ocorreu por conta do subgrupo de alimentação no domicílio, que passou de -0,72% para 0,42%. Dentro dos produtos avaliados, as principais quedas foram a do feijão-carioca (-6,73%) e o leite longa vida (-1,43%).

Em 2017 o IPCA mostrou considerável desaceleração, apresentando seu menor nível nos últimos 20 anos. Com o resultado, a inflação ficou pela primeira vez abaixo do piso da meta do Banco Central, de 3% em 2017, obrigando o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, a escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, justificando as medidas adotadas e as tratativas para fazer os preços convergirem novamente para o centro da meta, que será no próximo ano de 4,5%.

Contribuiu para esse resultado a forte retração dos preços de alimentos, que devido à boa safra do ano (fim do efeito El Niño e recordes de produção) e à grande desaceleração dos preços de itens não-comercializáveis (serviços e produtos que só conseguem ser consumidos e localmente) marcaram níveis de preços historicamente baixos para cesta de bens chamados “livres”. Na contramão, o preço de itens administrados (controlados direta ou indiretamente pelo governo, ou seja, não-livres), como tarifas de energia, combustíveis, planos de saúde entre outros, subiu de forma a compensar algumas perdas passadas (ou de forma preventiva para o próximo ano), aproveitando-se da grande desaceleração dos itens livres.

O resultado surpreendeu positivamente as expectativas geradas no final de 2016, quando o nível de preços esperados era próximo de 4,85%, de acordo com o boletim Focus de 23/12/2016. Essa rápida desinflação também contribuiu para que a política monetária agisse de forma mais expansiva, trazendo os juros para baixo de forma mais célere e em maior escala, sendo a menor registrada no histórico do COPOM, de 7%.

Para 2018, o cenário por ora não apresenta-se de forma muito divergente ao observado ano passado, pois as expectativas (de acordo com o boletim Focus do BC de 05/01/2018) das variáveis analisadas deverão manter as tendências até então mostradas, de inflação controlada (3,85%), juros baixos (6,75%) e atividade econômica em ligeira alta (PIB de 2,69%).

 

[1] O IPCA considera famílias com rendimentos de 01 a 40 salários mínimos e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e de Brasília.

[2] Empresas consultadas pelo Valor Data.