Dados divulgados hoje pelo IBGE revelam que a produção industrial recuou 0,2% em relação a abril, na comparação ajustada sazonalmente. Em relação a maio de 2018, a indústria cresceu 7,1%. Além disto, o indicador registrou queda de 0,7% no ano (janeiro a maio) e apresentou estabilidade quando é considerada a variação acumulada em 12 meses.

Dentre as grandes categorias, Bens Intermediários (+1,3%) e Bens de Capital (+0,5%) registraram alta no mês, enquanto a categoria Bens de Consumo apresentou queda (-1,8%), sendo que a produção de Bens de Consumo Duráveis recuou 1,4% e a de Semiduráveis e não Duráveis, 1,6%.

18 dos 26 ramos pesquisados apresentaram redução da produção industrial em maio na comparação com abril, com destaque para o recuo de 2,4% em Veículos automotores, reboques e carrocerias e as quedas observadas em Bebidas (-3,5%), Couro, artigos para viagem e calçados (-7,1%), Outros produtos químicos (-2,0%), Produtos de metal (-2,3%) e Produtos de minerais não-metálicos (-2,1%)

A variação acumulada nos últimos 12 meses, ao passar de -1,1% em abril para 0,0% em maio, interrompeu a trajetória descendente iniciada em julho de 2018, conforme é possível observar no gráfico abaixo. A reversão, contudo, ainda não deve ser lida como uma retomada.*Série com ajuste sazonal

Afinal, entre os grandes segmentos da economia, a indústria parece ser o que enfrenta a maior dificuldade diante da lenta recuperação da atividade econômica. Não é à toa que, em junho, por exemplo, foi o único a registrar queda da confiança (os Índices de Confiança do Comércio e de Serviços apresentaram alta, puxados, principalmente, pela melhora das expectativas).

Entre as dificuldades encontradas pelo setor industrial, parece estar a falta de crédito.

O expressivo crescimento dos empréstimos até o final de 2015, que não foi acompanhado pelo aumento da produção, ajuda a entender a crise da indústria, que enfrentou elevada inadimplência e, desde então, vem passando por um período de forte desalavancagem.

Recentemente, mesmo quando a indústria esboçou uma recuperação entre o final de 2017 e meados de 2018, o saldo das operações de crédito para o setor continuou diminuindo, o que pode ser explicado pela menor oferta de empréstimos do BNDES, mas também pela maior procura de financiamento no mercado de capitais.

Seja como for, nos últimos meses, acompanhando o enfraquecimento da atividade industrial, nota-se uma intensificação da queda dos empréstimos para o setor, cuja carteira de crédito caiu 5,2% em maio na comparação com o mesmo mês de 2018, de acordo com dados do Banco Central.

A despeito do avanço das reformas, uma recuperação mais consistente do setor industrial deve ficar para o próximo ano. De acordo o último Relatório Focus do Banco Central, a expectativa para o crescimento da produção industrial em 2019 é de apenas 0,7%.