Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

Em meio às reuniões da Assembleia Geral da ONU, que estão ocorrendo esta semana em Nova Iorque, a Aliança do Pacífico, bloco econômico criado pelos nossos vizinhos Chile, Peru, Colômbia e México, anunciou o sucesso das negociações para liberalização de cerca de 92% das mercadorias comercializadas entre eles, podendo alcançar o patamar de até 99% no período de 3 a 7 anos, conforme anunciado pelo presidente chileno Sebastián Piñera. Trata-se de um bloco que representa aproximadamente 35% do PIB da América Latina, com grande potencial de crescimento para os próximos anos e que já chama atenção do mercado internacional. O fluxo de investimentos estrangeiros para estes países tem se elevado consideravelmente ao longo dos últimos anos, tendo acumulado somente em 2012 a quantia de US$ 71 bi.

Enquanto isso, na mesma Assembleia Geral da ONU, o Governo brasileiro, liderado pela presidente Dilma Rousseff, tem empenhado todos os seus esforços para garantir à comunidade internacional que o país é um local seguro e repleto de oportunidades para investimentos, com risco jurídico baixo e uma economia sólida e diversificada. Demais ministros do Governo também entraram para o coro, inclusive o ministro da fazenda Guido Mantega, afirmando que o país não hesita nos esforços para assegurar o equilíbrio fiscal e o combate à inflação. Parece não ser a mesma opinião do mercado. Os Investimentos Estrangeiros Diretos no Brasil caíram 7% no acumulado em 12 meses encerrados em agosto 2013, quando comparados ao mesmo período do ano anterior. Além disso, tanto investidores nacionais quanto internacionais têm demonstrando desconfiança na potencialidade da economia brasileira, dado o recente fracasso do leilão das rodovias e da desistência de grandes companhias petrolíferas no processo de concessão do bloco de LIBRA. O Brasil terá que fazer mais do que discursos para recuperar sua imagem e legitimar definitivamente a presença do “B” no termo BRIC’S.

Ed.279