Por Marcel Augusto Caparoz, da RC Consultores

O mercado financeiro mundial estará atento hoje para o pronunciamento de Ben Bernanke, presidente do FED. Espera-se que ele indique uma redução do nível de incentivos monetários ao mercado (hoje se encontra no patamar de US$ 85 bilhões mensais). Essa expectativa tem gerado fortes incertezas ao redor do mundo, principalmente nos países emergentes, onde a saída de recursos iniciou um processo de valorização mundial do dólar. Desde o início de maio o dólar ptax acumula alta de 8,44% no Brasil.

O BC intensificou suas intervenções no mercado com o objetivo de interromper a escalada do dólar, ofertando desde o fim de maio US$ 13 bilhões na forma de novos leilões de swap cambial. A estratégia não tem funcionado. Ontem o dólar fechou a R$ 2,178,  a maior cotação desde abril de 2009. Todo esse processo ocorre num momento de forte pressão inflacionária, que obrigará uma ação mais forte do BC sobre os juros. Aliás, os juros dos contratos futuros de DI tiveram alta expressiva no pregão de ontem, em linha com o aumento da aversão de risco ao Brasil. O contrato para janeiro de 2017 fechou a 11,05% (ante 10,69%). Parte desse aumento se deve a decepção na política fiscal brasileira. Tudo indica que a insatisfação observada nas ruas do Brasil tenha alcançado também parte do mercado.

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