José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O Banco Central Europeu manteve a taxa de juros básica em 0,25% ao ano, na reunião realizada ontem em Frankfurt. O comunicado da reunião foi claramente “dovish” (inclinado ao afrouxamento monetário) ao assinalar que “se necessário, não exclui uma maior flexibilização da política monetária”. Mas a surpresa ficou por conta da entrevista do presidente do banco, Mario Draghi, que comunicou que o Conselho do BCE discutiu explicitamente a possibilidade de recurso, ainda que tardio, a um programa de estímulo monetário similar ao aplicado pelo FED, pelo Banco do Japão e pelo Banco da Inglaterra.

O que ampliou a preocupação do BCE foi a inflação de março na zona do euro, que mostrou variação de apenas de 0,5% ao ano. A apreensão geral é com o risco de deflação. Esse programa de estímulo monetário, de aquisição de obrigações, os chamados “quantitative easing” (QE), pertence ao arsenal de medidas não convencionais dos bancos centrais. O mundo está no quinto ano de “ajustamento” sem perspectiva de fim, pois as lideranças preferem fazer afrouxamentos monetários, alardeados como “solução”. Emissão monetária desmedida não cria riqueza tangível. Muito menos a manutenção de gastos que uma sociedade não consegue bancar. Como consequência, sérias distorções macroeconômicas. No entanto, no curto prazo, um dos efeitos imediatos da política “comunicacional” de Draghi sobre o QE e a utilização de medidas não convencionais de política monetária é a queda do euro face ao dólar.

Ed.391