Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Contrariando as expectativas do mercado, o Banco Central Europeu (BCE) reduziu hoje ainda mais a taxa de juro de referencia na zona do euro em 10 pontos base para um novo mínimo histórico de 0,05% ao ano. Ao mesmo tempo, a taxa dos depósitos bancários entrou ainda mais no terreno negativo, passando de -0,10% para -0,20% ao ano. Ou seja, os bancos terão que pagar para deixar os recursos no BCE. Além disso, anunciou que na próxima reunião, em outubro, aumentará os recursos direcionados para o refinanciamento de longo prazo para o setor privado não financeiro. Somados aos 400 milhões de euros da última reunião, devem se aproximar a um trilhão de euros. Não houve unanimidade entre os presidentes dos bancos centrais da zona do euro. A Alemanha tem sido mais resistente à tomada de medidas ultraexpansionistas, defendendo que a política monetária já esgotou os seus instrumentos.

As medidas anunciadas por Mario Draghi, presidente do BCE, surgem quando a inflação na zona do euro caiu para 0,3% em agosto, longe da meta de 2%, com projeções de continuidade de queda na evolução dos preços, ameaçando uma deflação. A decisão do BCE é um sinal evidente de maior agressividade perante a diminuição da atividade econômica na zona do euro. Draghi ainda continuou defendendo uma contribuição de políticas orçamentais que permitam maior crescimento e de reformas estruturais. A reação imediata foi o recuo do euro para US$ 1,30. Ao contrário do que o mercado projetava no inicio do ano, a recuperação da zona do euro não se concretizou. O Brasil continuará dependendo da manutenção do ritmo de crescimento chinês e da retomada da economia americana.