Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

O fluxo de comércio da América do Sul tem se modificado nos últimos anos. A China foi responsável por 17,4% das importações dos países sul-americanos em 2013, exceto o Brasil. O avanço chinês aumentou 6 pontos percentuais em comparação a 2007. O crescimento chinês foi conquistado em grande parte à custa do Brasil. A participação do Brasil nas compras dos países vizinhos, que já foi 14,2% em 2010, ficou em 11,7% no ano passado. Nesse período perdemos participação em todos os países da América do Sul.

Depois da África, a China está voltando sua atenção para a América Latina, região capaz de suprir os bens necessários para seu crescimento e mercado para seus produtos. Estudo das Nações Unidas prevê que até 2016 a China deve ultrapassar a União Europeia para se tornar o segundo parceiro comercial da América Latina, atrás apenas dos Estados Unidos. O que ajuda a explicar essa perda de posição do Brasil para a China no comércio da América do Sul é a falta de competitividade brasileira, que permite que a China ganhe mercado de produtos brasileiros apesar do custo de transporte. Um exemplo é o caso dos aparelhos de telefonia celular, setor que os produtos brasileiros chegaram a dominar, mas foram engolidos pela concorrência chinesa. As pesquisas sempre evidenciam a perda de competitividade do Brasil, com infraestrutura defasada, governo ineficiente e tributação complexa e excessiva. O Brasil continuará sendo desafiado pelos emergentes asiáticos. Sem uma mudança na política fiscal e tributária, continuaremos perdendo espaço na economia mundial. E, por incrível que pareça, perdendo mercado até nos países vizinhos.